José Carlos da Mata Machado

Por Verdade, Memória e Justiça!

Militante da Ação Popular Marxista-Leninista (APML), José Carlos Novaes da Mata Machado foi torturado e assassinado pela ditadura empresarial-militar, no DOI-Codi de Recife. Sua morte completa 50 anos no dia 28 de outubro de 2023.

Nascido no Rio de Janeiro, em 20 de março de 1946, Zé Carlos se mudou para Belo Horizonte ainda criança, com a sua família. Em 1964, ingressou no curso de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), como primeiro colocado no vestibular.

Além de fundar o Grupo de Alunos da Turma de 1964 (GAT-64), Zé Carlos foi presidente do Centro Acadêmico e vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), a partir de 1967.

Preso durante o Congresso da UNE realizado em Ibiúna (SP), em 1968, passou oito meses nas celas do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), de Belo Horizonte.

Dirigente nacional da APML, Zé Carlos se casou, em 1970, com Maria Madalena Prata Soares, sua companheira de luta na APML, com quem teve um filho, chamado Dorival, nascido em 1972.

Em outubro de 1973, ciente do risco de captura, Zé Carlos providenciava refúgio quando viajou para São Paulo. Na capital paulista, forneceu apoio jurídico para companheiros da APML e se encontrou com dois cunhados e um amigo de família, que o levariam ao encontro de Madalena, em um sítio, no interior de Minas Gerais. Porém, os quatro foram presos na saída da cidade, no dia 19 de outubro, em ação planejada pelo delegado Fleury, do Departamento de Ordem Política e Social.

Zé Carlos foi conduzido para o DOI-Codi de São Paulo. Os demais foram levados para o 12º Regimento de Infantaria, em Belo Horizonte, onde permaneceram incomunicáveis por algum tempo.

Em 22 de outubro, Madalena e seu filho mais velho, Eduardo, foram presos no sítio onde esperavam por Zé Carlos. Dorival, o mais jovem, filho também de Zé Carlos, vivia aos cuidados dos avós, em Belo Horizonte.

Transferido para o DOI-Codi de Recife, Zé Carlos foi torturado pelos agentes da ditadura empresarial-militar e morto no dia 28 de outubro de 1973.

Com o engajamento da família e a influência política do pai, Edgar Godoy da Mata Machado, o assassinato de Zé Carlos teve repercussão nacional, com a leitura da denúncia na Câmara e no Senado, pelos líderes da oposição, e até na mídia internacional.

A publicização da morte e o trabalho dos advogados ajudaram a pressionar para o que o corpo pudesse ser transportado para Belo Horizonte. O enterro ocorreu no dia 15 de novembro.

A versão oficial da ditadura empresarial-militar, veiculada em jornais da época, dava conta que a morte teria ocorrido em um tiroteio provocado por um colega de militância. O objetivo era encobrir os assassinatos de Zé Carlos e Gildo Lacerda, além do desaparecimento de Paulo Stuart Wright. A farsa ficou conhecida como “Teatro de Caxangá”, em referência à avenida de Recife.

Depoimentos de diversos ex-presos políticos desconstroem o “Teatro de Caxangá” e confirmam as torturas sofridas por Zé Carlos e Gildo e também seus assassinatos.

As tentativas de avançar com um inquérito para apurar a morte de Zé Carlos, tanto em Minas Gerais quanto em Pernambuco, falharam.

Quase 20 anos após a morte de Zé Carlos, em dezembro de 1992, seu cunhado Gilberto Prata Soares, que militou na mesma organização, declarou à Comissão Parlamentar Externa sobre Mortos e Desaparecidos Políticos ter colaborado com o Centro de Informações do Exército (CIE), dando informações sobre militantes da APML. Zé Carlos e Madalena estavam sendo rastreados de desde março de 1973.

José Carlos Novaes da Mata Machado foi reconhecido como morto político pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), em janeiro de 1996.

Seu caso foi exposto no Relatório da Comissão Nacional da Verdade e seu nome consta no ‘Dossiê ditadura: mortos e desaparecidos políticos no Brasil (1964-1985)’, organizado pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos.

O nome de José Carlos Mata Machado foi dado a uma rua em Belo Horizonte, cuja antiga denominação homenageava um torturador estadunidense que colaborou com a ditadura empresarial-militar no Brasil.

Na Faculdade de Direito da UFMG, onde Zé Carlos estudou, o espaço social de auto-organização dos estudantes tem o nome de Território Livre José Carlos Mata Machado.

Há também uma medalha concedida pelo Centro Acadêmico da Faculdade de Direito da UFMG.

Mais informações sobre a trajetória de Zé Carlos podem ser obtidas no Arquivo Público de Pernambuco, no Memorial da Resistência de SP, no acervo Memórias da Ditadura e, no livro ‘Zé – José Carlos Novais da Mata Machado, uma reportagem’, do jornalista Samarone Lima; e na reportagem da série ‘Lembrar é Preciso’ (UFMG), de Amélia Gomes e Gilberto Correa.

O jornalista Samarone Lima, autor do livro ‘Zé – José Carlos Novais da Mata Machado, uma reportagem’, fala sobre Zé
Reportagem de Amélia Gomes e Gilberto Correa sobre José Carlos Mata Machado
Capa do livro ‘Zé – José Carlos Novais da Mata Machado, uma reportagem’, de Samarone Lima
Placa em homenagem a José Carlos na Faculdade de Direito da UFMG

JOSÉ CARLOS NOVAES DA MATA MACHADO, PRESENTE! POR MEMÓRIA, VERDADE E JUSTIÇA!

PROGRAMAÇÃO DA SEMANA ZÉ

Debate, Política, Direito e Cultura

Bate-papo com a velha guarda da resistência à ditadura militar

Quarta, 25 de outubro, às 19h, na Casa de Jornalista

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Sessão Especial na Assembleia Legislativa de Minas Gerais

Quinta, 26 de outubro, às 19h, na Assembleia Legislativa de MG

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Seminário: Justiça de Transição e Estado Democrático de Direito

Sexta, 27 de outubro, às 8h30, na Faculdade de Direito da UFMG

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Exibição especial do filme ‘Zé’, dirigido pelo cineasta Rafael Conde

Sábado, 28 de outubro, às 11h, no Cine Santa Tereza

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